Texto extraído do Portal Martin Behrend, jornalista e parceiro da Liga NH.
É um mantra entre as voluntárias da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Novo Hamburgo: a Oncologia SUS vai voltar, a Oncologia SUS vai voltar, a Oncologia SUS vai voltar.
Desde que houve a confirmação da perda da Oncologia SUS no Hospital Regina, as voluntárias da Liga não se conformaram.
Isso porque, foi através da mobilização da Liga e outros parceiros, como médicos especialistas, que este serviço foi estabelecido na cidade, numa articulação da década de 1990. Naquele tempo, os pacientes tinham de ir para Porto Alegre para seus tratamentos oncológicos. Foi pela luta da Liga que esse conquista foi instalada município.
Com a ida do serviço para o Hospital Bom Jesus, em Taquara, o baque foi grande. As voluntárias foram em busca de respostas e se depararam com uma enrascada e nauseante estrutura burocrática, num misto de responsabilizações e explicações turvas do governo federal, governo estadual, governo municipal e Hospital Regina.
A mudança impactou na vida de milhares de pessoas, pois além dos pacientes, a alteração da rotina afetou a vida dos familiares.
Num ato de tentativa de reversão do cenário, foram realizadas reuniões presenciais e virtuais, audiências públicas, articulações, políticos se colocando à disposição (e depois sumindo)… Naquele momento, tudo foi em vão. O destino estava carimbado: Novo Hamburgo perdeu a Oncologia SUS.
A LUTA SEGUE
Refeitas do golpe, as voluntárias jamais pararam de trabalhar. O mantra segue: a Oncologia SUS vai voltar, a Oncologia SUS vai voltar, a Oncologia SUS vai voltar.
Nos últimos meses, a Liga Feminina de Combate ao Câncer de Novo Hamburgo incorporou a determinação de retomar aquilo que a entidade já havia conquistado na década de 1990. As voluntárias seguem se reunindo com diferentes autoridades para articular a volta do serviço.
Tenho acompanhado essa luta e faço aqui um resumo de caminhos que estão sendo pavimentados pela Liga.
1) A prefeita de Novo Hamburgo, Fátima Daudt (MDB), assegurou que o Anexo 2 do Hospital Municipal de Novo Hamburgo, que está em obras, terá uma grande área para acolher a Oncologia SUS. Dessa forma, a promessa da prefeita é que o espaço físico está garantido. O Anexo 2 deverá estar concluído até dezembro de 2024.
2) Embora tenha a promessa do espaço físico, será preciso equipar esta área. Com isso, as voluntárias da Liga articulam para que deputados federais destinem emendas parlamentares para equipar essa área no Anexo 2.
3) Outro caminho da Liga é via Universidade Feevale. Voluntárias da entidade já estiveram em Brasília, no Ministério da Saúde, criando condições de abrir um novo flanco. “A Feevale apoia a causa, já realizando muitos atendimentos em parceria com a Liga, e certamente tem condições de ampliá-los”, afirmou o reitor da universidade, Cleber Prodanov, durante reunião com voluntárias.
Uma alternativa viável é conquistar recursos públicos para instalação de um mamógrafo, que poderá operar no Centro Integrado de Especialidades em Saúde – CIES Feevale. A presença do equipamento poderá acelerar os atendimentos e a realização dos exames e diagnósticos, eliminando o sofrimento da espera das pacientes. Outra possibilidade é, a médio e longo prazo, a Feevale ter uma clínica mais ampla ou, até mesmo, um grande centro oncológico.
4) No dia 23 de agosto, as voluntárias da Liga estiveram na Oncologia Centenário, em São Leopoldo. Elas foram acompanhadas por dois vereadores integrantes da Comissão de Direitos Humanos (Codir) do Legislativo hamburguense: Enio Brizola (PT) e Lourdes Valim (Republicanos). O local atende tanto pacientes do SUS quanto convênio e particular. Eles foram recebidos pelo gerente Felipe Zart Broecker.
Broecker demonstrou interesse em trazer para São Leopoldo os pacientes que tratam o câncer no Hospital Bom Jesus, em Taquara, desde maio de 2022, quando o serviço foi transferido do Hospital Regina. O gerente explicou que o caminho administrativo é via Executivo. “Não foi formalizado em nenhum momento o interesse da Prefeitura de Novo Hamburgo em firmar parceria com São Leopoldo. Mas nós temos vontade e capacidade de atender a essa demanda”, frisou.
As voluntárias da Liga destacaram os benefícios de um possível acordo, uma vez que o tempo de deslocamento até a cidade do Vale do Paranhana é um dos principais problemas apontados pelos pacientes que estão em tratamento. Uma audiência pública na Assembleia Legislativa poderá ser realizada a fim de articular essa possibilidade de tratamentos de pacientes oncológicos serem realizados na Oncologia Centenário.
5) As voluntárias da Liga seguem colhendo informações sobre o tratamento recebido pelos pacientes no Hospital Bom Jesus, em Taquara, e compartilhando com as autoridades as dificuldades relatadas.
A Liga existe somente por causa dos pacientes de baixa renda que lutam contra o câncer e pela vida. É por milhares de pacientes que a Liga existe. A entidade vai lutar até o fim pela causa.
A Liga seguirá atuando com mais fervor enquanto seu novo mantra não se concretizar: a Oncologia SUS vai voltar, a Oncologia SUS vai voltar, a Oncologia SUS vai voltar.
VIDEOCAST
Em edições recentes do Videocast do Portal Martin Behrend, o tema da Oncologia SUS foi abordado com convidados. Nos links, é possível acompanhar a participação do vereador Enio Brizola (clique aqui) e da presidente da Liga, Rúbia Fauth, e da diretora da entidade, Regina Dau, falando sobre essa luta (aqui).